É um apelo lá de riba
Que a consciência nos traz
Mas é por meio de um peão
Que este chamado se faz
Nós que somos “cabras machos”
De chapéus e barbicachos
Viemos pro Seminário “no mas”
Logo que aqui chegamos
Entre quase dez rapaz
Nos recebeu de braços abertos
Um baita dum capataz
Eu falo do Frei Bernardo
Tem a parte pesada do fardo
E vai carregando “no mas”.
Temos mais três confrades
Cada qual é mais capaz
De transmitir a fé crioula
Que tanta alegria nos traz
No trabalho comungamos
Nas refeições nós rezamos
Todos unidos “no mas”.
E se tratando de pessoas
Não posso deixar prá traz
A prenda aqui deste rancho
Que a comida nos faz
É da dona Vânia que falo
Que por aqui boleou do cavalo
E está cozinhando “no mas”.
A exemplo de São Francisco
Nosso pioneiro e primaz
Nós vivemos na pobreza
E isto prazer nos traz
Cultivamos a tradição
Tomamos o bom chimarrão
Com muita alegria “no mas”.
Aqui dentro se tem vida
E vida que satisfaz
E se nota que lá fora
Muitos ficaram prá traz
Embora andem correndo
Pensam que estão vivendo
Mas já estão mortos “no mas”.
Jesus Cristo o Guasca Velho
Que valente Capataz
No meio da correria
Um belo apelo ele faz
Precisa da mocidade
Que deixe de futilidade
E pregue seu Evangelho “no mas”.
Mas o povo de hoje em dia
De escutar é incapaz
Não tem tempo para ouvir
Belas mensagens de paz
Pois precisam buscar grana
Muito cartaz e muita fama
E vão explorando “no mas”.
Mas aqui neste ranchito
Feito há cinqüenta anos a traz
Não ligo pros rebencaços
Que o mundo solta por traz
Muitas vezes fico triste
Mas por dentro Cristo insiste
E sigo cantando “no mas”.
João Osmar D’Ávila
Agudo, RS 19/04/1978
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