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NOTA DE REPÚDIO “Sobre a Chacina realizada pelo Estado do Rio de Janeiro”

  • freifranklinofm
  • há 6 minutos
  • 3 min de leitura

Diante da tragédia recente que abalou o país, marcada por mais uma chacina em comunidades do Rio de Janeiro, a Família Franciscana do Brasil sente-se convocada a mobilizar-se e a denunciar a política de morte que, de forma cruel e sistemática, atinge a população pobre e negra das periferias.


O que ocorreu diante dos olhos de toda a sociedade não foi acidente nem excesso. Foi uma ação planejada pelo próprio Estado, que promoveu uma execução coletiva sob o nome de “operação policial”. Um ataque cruel e seletivo contra comunidades pobres e negras, que espalhou medo, destruiu famílias e expôs ao mundo mais de 120 corpos enfileirados pelos próprios moradores no Complexo da Penha — resultado trágico e cruel de uma política que decide quem pode viver e quem deve morrer.


Esse caso terrível não é um fato isolado, mas parte de uma política sistemática de extermínio que transforma comunidades e favelas em territórios de guerra. Enquanto escolas, praças e espaços de cultura são abandonados, o Estado se faz presente apenas com armas, violência e repressão.


Entre 2007 e 2024, mais de 22 mil operações policiais foram realizadas na Região Metropolitana do Rio, e apenas 1,4% tiveram resultados concretos. De 2007 a 2022, 2.500 pessoas foram mortas em 629 chacinas — números que evidenciam uma política de morte dirigida sobretudo à população negra e periférica.


A segurança pública que mata não é segurança, é barbárie. É urgente substituí-la por políticas de prevenção, investigação qualificada e diálogo com as comunidades. Um Estado verdadeiramente comprometido com a vida deve ocupar os territórios com políticas públicas e a garantia de direitos fundamentais — educação, cultura, esporte, lazer e saúde. Quando o Estado chega com oportunidades e dignidade, ele desarticula o crime e constrói paz duradoura.


Além de cruel, essa necropolítica é irracional e dispendiosa. Bilhões de reais são consumidos em operações que produzem morte e destruição sem resultados efetivos. Matar não é um resultado alcançado, mas sim, é a expressão máxima do absurdo atual que vivemos. Dinheiro público que deveria garantir educação, saneamento, moradia e saúde é usado para sustentar uma engrenagem de violência. Recursos que poderiam promover uma vida digna, segura e pautada no bem viver são utilizados como instrumentos de morte — o retrato mais perverso de um Estado que escolheu exterminar em vez de cuidar.


• Quem mandou executar e quem executou esta operação deve ser responsabilizado imediatamente. Não há democracia possível enquanto o Estado autoriza e naturaliza o assassinato de seus próprios cidadãos.

• É igualmente urgente que as mídias e a imprensa tenham como centro as vozes e experiências das comunidades, e não o discurso oficial e falacioso das instituições que promoveram essa crueldade.

• É imprescindível que a sociedade civil, as igrejas, universidades, movimentos sociais e organizações de direitos humanos se mobilizem e exerçam pressão popular até que o Governo do Estado do Rio de Janeiro e o Governo Federal apresentem uma saída inteligente, humana e estrutural, baseada em uma política de segurança pública efetiva, contemporânea e garantidora de direitos.


Nós, franciscanas e franciscanos, inspirados pela nossa espiritualidade do cuidado e da fraternidade universal, nos solidarizamos com as famílias das vítimas e reafirmamos nosso compromisso com a defesa incondicional da vida e com a construção de uma paz justa e duradoura. O que aconteceu é crime, planejado e executado pelo Estado contra o povo. O silêncio ou o aceite público disso é cumplicidade doentia e fratricida.


Exigimos justiça, responsabilização e reparação para as famílias e comunidades atingidas diretamente por esta Política de Morte executada com características de crueldade até o momento pelo Estado do Rio de Janeiro.


CONFERÊNCIA DA FAMILIA FRANCISCANA DO BRASIL (CFFB)SERVIÇO INTERFRANCISCANO DE JUSTIÇA, PAZ E ECOLOGIA (SINFRAJUPE)


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fonte: cffb.org.br

 
 
 

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