Foi com alegria que assumi o compromisso de escrever estas poucas linhas para o site da Província sobre um tema tão atual e de suma importância para a sobrevivência da humanidade: Ecologia Integral. Vou partir da Laudato Si do Papa Francisco, passando pelo Bem Viver dos povos andinos, pela vivência franciscana rumo a uma “Eutopia”, isto é “Um Bom Lugar” para se viver.
Pois é, quem propôs o conceito “Ecologia Integral” foi o Papa Francisco na Encíclica Laudato Si no Nº 137, quando diz: “Do momento que tudo está intimamente relacionado e que os atuais problemas exigem um olhar que atenda a todos os aspectos da crise mundial... proponho uma ecologia integral que compreenda claramente as dimensões humanas e sociais”. Definindo melhor seu conceito de ecologia integral o Papa a qualifica em quatro dimensões: Ambiental, econômico /social, cultural e da vida cotidiana. Esta visão do Papa sobre ecologia teve e continua tendo grande impacto, não somente internamente na Igreja, mas pelo contrário, também no mundo inteiro. Tema que Francisco retoma no Documento pós Sinodal “Querida Amazônia”.
Para escrever tal documento Francisco buscou o que de melhor existia na história da humanidade sobre ecologia e meio ambiente. Buscou saberes dos cinco continentes, das academias e das culturas originárias. Uma destas é a dos Quéchuas das Américas com sua conhecida “Sumak Kawsay” que segundo Paulo Suess significa “Bem Viver”. Podemos afirmar que tal expressão contempla ao mesmo tempo memória e horizonte. Pois eles compreendem o seu passado como um mundo imerso na Sumak Kawsay – no Bem Viver, e seu futuro numa convivência harmoniosa entre cosmo, natureza e humanidade.
Outro termo/conceito que quero usar aqui é: “eutopia” criado por Thomas More em 1516 na sua famosa obra A Utopia, onde ele afirmava que em grego o termo utopia podia-se entender por eutopia que quer dizer “Bom Lugar” ou outopia – o “Não Lugar”. Já no século XIX o escocês Patrick Geddes, que era biólogo e urbanista, propôs o termo eutopia para o planejamento urbano como uma crítica aos idealistas da utopia. Ultimamente, nos finais do século XX, o termo eutopia voltou à baila desta vez dentro do movimento ecológico trazido pelo franciscaníssimo. Sua tese assevera que para além do debate teórico e muitas vezes utópico sobre ecologia e meio ambiente, é necessário agir, fazer ações concretas, criar “lugares bons” para se viver, isto é, eutopia.
Portanto, depois de fazermos este passeio por alguns termos e autores teóricos sobre ecologia e, especialmente sobre ecologia integral do Papa Francisco, é hora de agir, é hora de viver a proposta do Papa da ecologia integral, procurando superar as visões utópicas de viver e buscando criar “lugares bons” para se viver, a começar pela própria casa, passando pelo ambiente de trabalho e/ou estudo, pela própria comunidade onde se vive, pois sabemos que tudo está interligado. E que o que fizermos neste mundo terá sua repercussão seja ela positiva ou negativa. Vamos fazer a nossa parte na defesa da Casa Comum como diz Francisco. Vamos encerrar estas linhas com a já conhecido refrão: “Tudo está interligado nesta Casa Comum. Tudo está interligado como se fôssemos um”.
Frei João Osmar D ´Ávila, ofm
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