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O ano de 1219 marcou um momento significativo na caminhada da Ordem dos Frades Menores, pois, em maio, aconteceu o Capítulo Geral no qual se decidiu a realização de grandes missões ao exterior. E os frades foram enviados à Alemanha, França, Hungria, Espanha, Marrocos. No mês seguinte, São Francisco partiu para o Oriente. As missões são marcadas por grandes desafios e novidades: os que foram para a Alemanha, França e Hungria sofreram desconfiança e maus-tratos. Os que foram para Marrocos sofreram o martírio. Com o testemunho dos mártires franciscanos Santo Antonio pede admissão na Ordem franciscana. E entre setembro e dezembro daquele ano, São Francisco chega ao acampamento do Sultão do Egito, Malik Al-Kamil (1218-1238).

Duas perspectivas de encontro merecem ser consideradas nesta reflexão. O Santo de Assis tinha um sonho antigo pelo qual ansiava por realizar: ir entre os mulçumanos. Desejava anunciar Cristo e seu Evangelho. E queria fazê-lo até as conseqüências do martírio. De sua parte um grande respeito pelo outro. Todos admiravam sua humildade e virtude. Homem simples e iletrado, mas cheio de fervor e enlevo espirituais. Foi ao encontro do Sultão, munido unicamente com o escudo da fé, cheio do Espírito Santo, desarmado e sem nada de próprio. São Francisco foi recebido com atenção pelo Sultão e desfrutou durante um longo período da hospitalidade do chefe muçulmano. Regressou da visita refletindo sobre a missão dos Frades Menores. Por sua vez, o Sultão Malik Al-Kamil era um homem educado e erudito, amante do conhecimento e gostava muito de conversar com os homens sábios, com os quais se detinha por longas horas. Admirava um grupo mulçumano chamado Sufis (Aqueles que usam roupas de lã remendadas). Eram os pobres e místicos do Islã. Eram homens e mulheres que falavam da unidade da existência, falavam de um Deus entendido como Belo, Misericordioso e Amável. Eles eram itinerantes, contemplativos e pobres. Se eles conquistaram a benevolência, o bem querer e a admiração do sultão, não era de estranhar que o sultão se interessasse por São Francisco e seus companheiros.

O resultado desse encontro foi uma amizade respeitosa, desinteressada, fraterna, que causou em Francisco e no Sultão novas e boas convicções: o Seráfico Pai regressou são e salvo à sua terra natal, profundamente comovido por esse encontro e amadureceu um novo e criativo jeito de evangelizar para seus irmãos no modo como eles deveriam ir entre os Muçulmanos, e sobre as coisas que os irmãos tinham de fazer e dizer "para agradar ao Senhor". Al-Kamil disse a São Francisco: “Reza por mim, para que Deus se digne revelar-me a lei e a fé que mais lhe apraza”. Os cristãos tiveram acesso à Terra Santa, não pela espada e a guerra, mas pelas vias da paz e do dialogo. E até os dias atuais, a Igreja, e nela os Frades, estão presentes nos lugares sagrados de nossa Salvação.

Do encontro de 800 anos nos vem uma grande lição de docilidade, amizade, respeito e acolhida para com o diferente.





“Onde houver discórdia, levemos a união”

Frei Sergio Moura Rodrigues, OFM.

Visitador Geral

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