Leituras: Eclo 27,33-26,9; Sl 102; Rm 14,7-9; Mt 18,21-35
Tema-mensagem: Quem é perdoado sem medidas também sem medidas deve perdoar
Introdução
Domingo passado celebrávamos o mistério da misericórdia de Deus que deve traduzir-se em correção fraterna. Também neste Domingo celebramos a misericórdia de Deus, Mas, agora, uma misericórdia que se traduz em perdão; um perdão que é sem medidas, ou como diz Jesus a Pedro: que deve perdoar até setenta vezes sete.
1. Um prenúncio da Boa Nova do perdão (Eclo 27,33-26,9)
Na primeira leitura temos a proclamação de algumas sentenças sábias, do não menos sábio Ben Sirac (190-120 aC), autor do livro Eclesiástico, conhecido, também, como Sirácida. Trata-se de um prenúncio bastante claro da doutrina que Jesus, mais tarde, proclamará acerca da necessidade do perdão fraterno, contida no Pai Nosso.
Os primeiros versos falam do rancor e da raiva, coisas tão abomináveis que até o pecador procura dominá-los (Eclo 27,33). Raiva e rancor são como vulcões ou temeres internos que roem e corroem a alma, o ânimo da pessoa, destruindo, aos poucos, tudo o que está ao seu redor, principalmente a paz, a concórdia, a alegria e o bem-querer. Por isso, dominá-los é importante porque só assim a pessoa terá um coração serenado, apaziguado, capaz de receber e de dar o perdão.
À semelhança da correção fraterna, (Cf. Domingo passado) também o perdão é uma das necessidades mais universais e cotidianas de todos nós. Somos todos ofensores e ofendidos todos os dias e à toda hora. Ofendemos a Deus quando não o amamos como deveríamos, querendo faze nossa vontade e não a vontade Dele; ofendemos os outros e as demais criaturas quando, em vez de tratá-las como irmãs as exploramos para nossos próprios interesses.
É adorável, pois que já no Antigo Testamento Deus eduque seu povo para que se liberte do velho e envelhecido princípio pagão da vingança sem limites (Cf Gn 4,24). Pois, pretender libertar-se do peso da dor de uma ofensa com a vingança só vai amentar a ferida, provocando mais discórdia e amargura. Por isso e para isso diz Bem Sirac: Perdoa a injustiça cometida por teu próximo. Assim, quando orares, teus pecados serão perdoados (Eclo 28,2). Por isso, diz Lacordaire “Queres ser feliz um momento, vinga-te; queres ser feliz sempre, perdoa”.
O perdão é o vigor da graça do toque do encontro ou do reencontro que leva a pessoa à graça da doação, da entrega, da confiança, da comunhão. Por isso, para poder ser perdoado tenho que perdoar. Ou seja, para que possa entrar em comunhão com Deus, isto é, sair de meu afastamento dEle, de meus pecados tenho que, antes, restabelecer a comunhão comigo mesmo e com meu próximo. Por isso, diz ainda Bem Sirac: Se alguém guarda raiva contra o outro, como poderá pedir a Deus a cura? Se não tem compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão de seus pecados? (Eclo 28,3-4). Ou seja, um coração endurecido não poderá jamais acolher, muito menos fazer germinar e florescer a semente da reconciliação, da paz e da concórdia.
2. O perdão incondicional e sem medidas, a inaudita Boa Nova de Jesus
No Domingo passado, o centro das atenções era a pessoa que erra, que peca, que ofende a comunidade e que por isso devia ser procurada para que se convertesse e voltasse ao convívio fraterno. Hoje, ao contrário, o centro é a pessoa que é ofendida.
2.1. Para um mal sem medidas, um remédio sem medidas
Como a correção fraterna, também o perdão é necessidade que atravessa a história dos homens e da Igreja em todas as suas concreções e em todos os tempos. Pois, em cada Comunidade sempre encontramos tensões mais ou menos fortes; pessoas sofridas e sofrendo porque maltratadas, ofendidas, crucificadas pelos próprios irmãos. Como libertar-se desse peso? O que o irmão ofendido vai fazer com essas ofensas e com o ofensor? Vingar-se? Perdoar? E se perdoar, quantas vezes?
Certamente, quando Mateus estava escrevendo seu Evangelho, essa situação já se fazia presente na Comunidade cristã de Jerusalém. Foi então que lhe veio à lembrança que o Senhor e Mestre já havia tratado dessa questão quando esse ainda vivia corporalmente entre eles; que Pedro, certa vez, aproximou-se de Jesus lhe perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar ao irmão que pecar contra mim? Até sete vezes? (Mt 18,21).
A proposta de solução de Pedro é sumamente generosa, uma vez que sete significava para todo judeu a perfeição. Certamente, o convívio com o Mestre, com seus discursos, seus gestos e atos de misericórdia e de perdão, acendeu nele o fogo dessa chama divina. O ardor do discipulado acendera nele o fogo do desejo de ser misericordioso, de perdoar e perdoar como o Mestre fazia! Por isso, escolheu e propôs uma resposta perfeita. Quem sabe, até ficasse esperando do Mestre um elogio.
Mas, a proposta de perdão de Mateus, era ainda uma perfeição limitada uma vez que, depois de sete vezes, poderia haver uma cobrança ou pior ainda, algum tipo de vingança. Ora, o centro, ou melhor, o espaço de uma Comunidade cristã deve ser ocupado, todo ele, tão só, e unicamente, pela Boa Nova de Jesus, sem nenhum canto ou recanto de reservas para outras atitudes ou gestos, mesmo que pareçam nobres ou perfeitos. E a Boa Nova de Jesus é o Reino dos Céus, o Pai com seu perdão infinito, ilimitado, sem medidas. Daí a resposta de Jesus: “Não te digo até sete vezes, mas setenta vezes sete” (Mt 18,22).
2.2. O sumo da compaixão e do perdão (Mt 18,21-35)
A reposta ou proposta de Jesus deve ter soado como um raio na mente e no coração de Pedro e demais discípulos. Coisa nunca vista em parte nenhuma do mundo. O espanto era grande demais! Era preciso um esclarecimento, uma catequese. Por isso, Jesus logo emenda: Porque o Reino dos Céus é com um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados (Mt 18,23).
Vem, então, a famosa parábola do servo iníquo ou cruel. No coração da parábola está um rei que, resolvendo acetar as contas com seus empregados, depara-se com um que lhe devia dez mil talentos, uma dívida inimaginável, impagável. Segundo a Bíblia Ecumênica, seriam, hoje em torno de 20 toneladas de ouro. Diante da impossibilidade do ressarcimento, o credor, então, para não sair de todo prejudicado, ordena, que seja vendido como escravo ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus pertences. Uma expoliação total, de tudo quanto de mais sagrado possa ter neste mundo: sua liberdade, juntamente com a esposa e seus filhos, seu lar. Ao empregado não restava outra coisa senão cair aos pés do patrão e suplicar-lhe: “Dá-me um prazo e eu te pagarei tudo” (Mt 18,26).
A resposta não podia ser mais surpreendente, inimaginável, inédita por causa de sua magnanimidade, muito mais que tudo o que o devedor pudesse pensar: Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida (Mt 18,27).
Juntamente com o mandamento do amor aos iimigos essa mensagem toca no coração da Boa Nova de Jesus. Na verdade trata-se de uma interpretação, ou melhor, de uma exegese da quinta petição do Pai Nosso: Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.
O objetivo da parábola é muito claro: mostrar o quanto ou de que quilate é a compaixão e a misericórdia de Deus: infinita, sem medidas. E isto, porque também a dívida do homem para com Ele é infinita, sem medidas, como diz São Francisco ao Serafim que lhe apareceu no Monte Alverne: ‘Senhor meu ... tu sabes bem que só tenho o hábito e a corda e os panos das bragas, e ainda estas três coisas são tuas (CCE 3,23). Ou seja, de tudo o que temos nada é nosso porque recebemos Dele. Só uma coisa é nossa: o pecado, isto é, a ingratidão.
2.3. O sumo da crueldade e da punição
Vem, então, a segunda parte da parábola na qual nos deparamos com o extremo oposto da primeira. Se na primeira vimos e contemplamos o sumo da compaixão, da misericórdia, do perdão, agora nos deparamos com o sumo da crueldade e da punição: Ao sair dali, aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Agarrou-o e começou a sufocá-lo, dizendo: “Paga o que me deves”.
O impressionante é que a resposta ou a atitude desse devedor é exatamente a mesma que esse empregado - agora credor - tivera antes para com seu patrão: O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: “Dá-me um prazo e eu te pagarei” (Mt 18,29). Mas, tudo em vão. Ele mandou jogá-lo na prisão até que pagasse toda dívida. Tudo o contrário do que seu Rei e Senhor lhe havia feito antes. E notemos ainda que a dívida era de apenas cem medas, uma insignificância (uns 32 gramas de ouro) comparada com a dívida dele para com seu Senhor. Essa constatação, que parece ser um detalhe, é, na verdade o coração da Boa Nova desse Domingo: Deus nos dá tudo, ou melhor, se doa todo e nós em vez de recebê-lo com gratidão o rejeitamos e, ainda por cima, o maldizemos como se a causa de nossos males e insucessos fosse Ele. E, no entanto, para espanto nosso, Ele nos perdoa todas as nossas ofensas sem nenhuma exigência.
Os companheiros, então, que haviam assistido a tudo, relataram o sucedido ao patrão que, indignado, não só condena o gesto de seu empregado, mas revoga o perdão que lhe havia concedido anteriormente e, além do mais, mandou entregá-lo aos torturadores, até que pagasse toda sua dívida (Mt 18,14).
A reviravolta é muito simples e lógica. O que esse empregado ímpio está recebendo não é outra coisa senão o fruto de sua impiedade. Não se trata de uma possível desforra por parte do patrão, mas colocar aquele seu empregado na coerência com aquilo que ele mesmo escolhera: a justiça humana. Ou seja, a força originária do Reino dos Céus, o fogo da compaixão, da misericórdia e do perdão do Pai, que ardiam no coração de Jesus, só podem vingar e florescer em corações dispostos ao cultivo da mesma magnanimidade. Daí a conclusão: “É assim que meu Pai do Céu fará convosco, se cada um não perdoar de coração seu irmão” (Mt 1815).
Em resumo, temos nessa parábola uma clara descrição ou catequese muito explícita acerca da atitude dos servos que querem participar do Reino do Céu: que a mesma atitude que o Senhor tem para comigo devo tê-la com o meu semelhante, meu irmão; ou, melhor ainda: tudo o que Deus faz para mim devo fazê-lo para meu irmão. Do contrário, como poderei dizer que sou seu filho, seu servo? Se peço a Deus perdão de minhas dívidas ou pecados e Ele me perdoa, como posso fazer o contrário com meu irmão, não perdoando suas dívidas ou ofensas para comigo? Ou seja, a magnanimidade do perdão divino só pode caber num coração que, pelo menos, se disponha, também deseje ser magnânimo. Disposição que esse empregado iníquo não quis. Mas, no fundo, se trata duma catequese a respeito da fonte do perdão que Cristo nos mereceu no auge da Cruz, quando, em favor de seus algozes e crucificadores, grita: Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem (Lc 23,34).
Portanto, não basta pedir perdão a Deus. É preciso, também, pedir-lhe a graça de ser capaz de perdoar como o faz, por exemplo, São Francisco em sua Exposição do Pai Nosso: e o que nós não perdoamos plenamente, faz-nos Tu, Senhor, perdoar plenamente para que, por tua causa, amemos de verdade os inimigos e por eles intercedamos devotamente junto de Ti, “não retribuindo nenhum mal com o mal” e nos empenhemos para, em tudo, frutificar em Ti (EPN 8).
São Francisco tinha em tão grande estima esse mandamento do Senhor que o incluiu no capítulo 21 de sua Regra Não Bulada: “Perdoai e vos será perdoado.. E “se não perdoardes aos homens os seus pecados”, o Senhor não “vos perdoará os vossos” (RNB 21).
3. Vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor (Rm 14,7-9)
Como nos Domingos anteriores, também hoje, a segunda leitura é tirada da Carta aos Romanos. Neste pequenino trecho, Paulo volta a falar de como deve ser a Vida dos cristãos, sua conduta, sua moral em meio aos diversos conflitos, atritos e diferenças de costumes e tradições do dia a dia: ninguém, dentre vós vive para si mesmo ou morre para si mesmo (Rm 14,7). E dá, então, a chave de ouro, a riza, a causa a partir da qual todos devem conduzir-se: porque, vivos ou mostos, pertencemos ao Senhor (Rm 14,8).
No fundo, vigora, de novo, a imagem do Corpo, tão querida por Paulo, para explicar e entender o mistério da vida dos cristãos: somos todos membros de um único e mesmo corpo que é Cristo. Dele fazemos parte como os membros de um corpo. Por isso, conclui: Cristo morreu e ressuscitou exatamente para isto: para ser o Senhor dos vivos e dos mortos (Rm 14,9).
Conclusão
Desde o fratricídio de Caim, todos nós vivemos as voltas com a necessidade do perdão. Tanto de recebe-lo como de dá-lo. Por isso, também, ele faz parte do pão nosso de cada dia que precisamos implorar sempre de novo ao Senhor, como Ele mesmo nos ensinou: Quando rezardes digam: ... Perdoai-nos as nossas ofensas como nós perdoamos a quem nos tem ofendido (Mt 6,12).
O desejo por um estado de paz, de reconciliação e de concórdia em todos os ambientes ou níveis humanos, desde o mais pequeno e próximo como o da família, o da vizinhança, o das pequenas comunidades bem como, até, o dos povos, estados e nações, passa, necessariamente, pela reconciliação e essa, primeiro e basicamente, pelo perdão.
Por isso, toda assembleia eucarística, protótipo, princípio e modelo de toda convivência humana e divina, se inicia com um ato penitencial: pede-se o perdão a Deus e aos irmãos e irmãs. Sem essa graça divina não haverá eucaristia, não haverá comunhão.
Gandhi, foi procurado, certa vez, por um pai que queria vingar-se de um muçulmano que lhe matara o filho único. Pensava que assim iria tirar um peso de seu coração. Gandhi respondeu-lhe que essa medida só lhe aumentaria o peso. E acrescentou: “Se você quiser realmente libertar-se desse peso adote uma criança muçulmana. Ela assim, irá substituir seu filho e trate-a, verdadeiramente, como sua filha e contrate um muçulmano para que a eduque na religião dos pais dela”.
O perdão das ofensas e/ou aos ofensores, juntamente com o amor aos inimigos, se constitui no coração de toda Boa Nova de Jesus pregada pelos povoados, vilas e cidades da Palestina e testemunhada no alto da Cruz quando, em favor dos algozes, que o crucificaram, exclama: Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem (Lc 23,34).
A partir de então, ao longo da história, a chama ardente desse fogo de amor, foi acendendo-se no coração dos cristãos. Em alguns tornou-se uma fornalha tão ardente que os levou a atos notáveis e inauditos como, por exemplo, aquela admirável reconciliação entre o Bispo e o Prefeito de Assis rerlizada através de São Francisco. A situação foi assim descrita pelo próprio Francisco: “É uma grande vergonha para vós, servos de Deus, que o Bispo e o Podestade se odeiem assim sem que ninguém se interponha em favor da paz e da concórdia”. Movido de compaixão, compôs para aquela circunstância mais esta estrofe que a acrescentou ao já conhecido Cântico das Criaturas:
Louvado sejas, meu Senhor,
pelos que perdoam por teu amor,
e sustentam enfermidade e tribulação.
Bem-aventurados os que as sustentam em paz, porque por ti, Altíssimo, serão coroados.
Pediu, então que dois frades fossem a cidade, reunissem todo o povo na praça juntamente com o Bispo e o Prefeito. Ó coisa admirável! Terminados os Louvores do Senhor, o Podestade disse diante de todos: “Em verdade vos digo, que perdoo não só ao senhor Bispo, a quem devo ter como meu senhor, como perdoaria até alguém que matasse um irmão ou filho meu”. E em seguida ‘prostrou-se aos pés’ do senhor Bispo, dizendo-lhe: “Eis que estou pronto a dar-vos satisfação em tudo, como vos aprouver, por amor de Nosso Senhor Jesus Cristo e do seu servo o Bem-aventurado Francisco”. O Bispo tomou-lhe as mãos e levantou-o, dizendo-lhe: “Por meu cargo deveria ser humilde, mas, como por natureza sou inclinado à cólera, é preciso que me perdoes”. E assim eles se abraçaram e se beijaram com muita benignidade e amor (CAs 84).
Não podemos ignorar também o conhecido “Perdão” ou “Indulgência de Assis” que Francisco pediu e conseguiu do Papa em favor de todos quantos visitassem a capelinha da Porciúncula em Assis, assim explicado por ele mesmo: “Quero mandar-vos todos para o céu. Anuncio-vos a indulgência que recebi da boca do Sumo Pontífice: todos vós que hoje vindes e todos aqueles que virão cada ano, nesse dia, com um coração bom e contrito, obterão a indulgência de todos os seus pecados”.
Esse desejo de Francisco, por um perdão universal, tornou-se uma semente que veio desabrochar em 1986. O Papa João Paulo II teve a feliz inspiração de reunir os principais líderes religiosos do mundo inteiro para um Encontro de Diálogo, Oração e reflexão que passou a realizar-se periodicamente com a conhecida e apreciada denominação “Perdão de Assis”.
Hoje, porém, a Indulgência da Porciúncula, ou “Perdão de Assis”, não pode mais ser apenas um dia, uma indulgência; deve tornar-se mais um desafio, um estado de alma, uma atitude para todos os dias: o desafio de transformar uma civilização de ódio, exploração e guerra numa cultura de amor, de misericórdia e de perdão; desafio para transformar uma humanidade ferida, uma humanidade que possui feridas profundas, que não sabe como curá-las e que, por vezes, nem mesmo acredita que seja possível curá-las, numa humanidade reconciliada consigo, com as criaturas e com o Criador. (O Nome de Deus é Misericórdia, pág. 45).
Fraternalmente,
Marcos Aurélio Fernandes e Frei Dorvalino Fassini, OFM
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