top of page

Com especial alegria celebramos novamente a data máxima do cristianismo: a Páscoa. Ela torna presente a passagem da morte para a vida em Jesus Cristo e em todos nós, cristãos, ligados ao Filho de Deus, nosso salvador,

desde o batismo. Afirma São Paulo aos Romanos: “Pelo batismo fomos sepultados juntamente com ele na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos por meio da glória do Pai, assim também nós caminhemos em uma vida nova. Com efeito, se nos tornamos unidos a ele por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a ele também pela ressurreição” (Rm 6, 4-5).


Esta redenção é iniciativa da gratuidade, do amor de Deus. Só o amor divino seria capaz de realizar obra tão extraordinária. É ainda o mesmo São Paulo que aos Efésios diz: “Deus, porém, rico em misericórdia, pelo imenso amor com que nos amou, quando ainda estávamos mortos por causa dos nossos pecados, deu-nos a vida com Cristo. – É por graça que fostes salvos! – Ressuscitou-nos com ele e com ele fez-nos sentar nos céus, em Jesus Cristo!… É pela graça que fostes salvos, mediante a fé. E isso não vem de vós: é dom de Deus! Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2,4-6. 8-9). Diante deste anúncio, a Igreja, através de todos os tempos, canta o Aleluia (= Louvai o Senhor!), anunciando, com júbilo singular, a maior notícia de toda história humana: Deus nos amou tanto que veio morar entre de nós e, pela morte de cruz e subsequente ressurreição, cancelou a nossa dívida e nos conduziu para nova condição, a da liberdade, mediante a fé. De escravos, passamos a filhos e herdeiros (cf. Gl 4, 6-8).


É por isso que a Páscoa pode ser chamada de vitória do amor, vitória da vida sobre a morte, da luz sobre as trevas, da graça sobre o pecado. Será dentro deste contexto que entenderemos o que é o verdadeiro amor, aquele que Jesus Cristo mesmo nos ensinou: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a própria vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando” (Jo 15, 13-14). Por este texto e, sobretudo, pelas atitudes de Jesus nós percebemos que o amor gera um movimento para a alteridade, que vai ao encontro dos outros para salvar, para libertar, para tornar filho/filha, para dignificar a vida, para dar felicidade, mesmo que isto custe sofrimento e até a própria entrega da vida. É uma morte que gera vida, um amor pascal. É o amor anunciado por Jesus ao dizer: “Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12, 32). Jesus abre os braços para nos acolher e para nos dar o abraço da salvação.


Esta certamente não é a visão que o mundo nos apresenta em relação ao amor. Hoje se confunde facilmente o amor com sentimentos passageiros, sem compromisso com o outro/a, e não menos ligado ao desejo de posse, de domínio, de retenção só para si e até de promoção. Este é um amor que facilmente torna-se egoísta e que na verdade deixa de ser amor e confunde-se com busca de si mesmo, à custa dos outros/as.


O conhecido autor Anselm Grün, ao referir-se sobre o amor de Jesus Cristo na cruz, assim se expressa: “Os braços amplamente estendidos de Jesus na cruz significam ainda um amor que deixa livre, que não agarra, possibilitando que o outro respire livremente. Quando eu mesmo me coloco na posição do gesto da cruz posso ter uma ideia desse amor que flui dentro de mim e para além de mim em direção ao mundo” (Abra seu Coração para o Amor, Ed. Vozes, Petrópolis, 2006, p. 26).


A Páscoa é a festa do grande amor de Deus por nós. Que ela seja de muita alegria e traga abundantes bênçãos para a vida pessoal, familiar, comunitária e profissional de todos nós. Feliz Páscoa! Feliz Tempo Pascal!


Dom Aloísio Alberto Dilli OFM– Bispo de Santa Cruz do Sul

84 visualizações

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page