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NOTA DE REPÚDIO “Sobre a Chacina realizada pelo Estado do Rio de Janeiro”

  • freifranklinofm
  • 30 de out.
  • 3 min de leitura

Diante da tragédia recente que abalou o país, marcada por mais uma chacina em comunidades do Rio de Janeiro, a Família Franciscana do Brasil sente-se convocada a mobilizar-se e a denunciar a política de morte que, de forma cruel e sistemática, atinge a população pobre e negra das periferias.


O que ocorreu diante dos olhos de toda a sociedade não foi acidente nem excesso. Foi uma ação planejada pelo próprio Estado, que promoveu uma execução coletiva sob o nome de “operação policial”. Um ataque cruel e seletivo contra comunidades pobres e negras, que espalhou medo, destruiu famílias e expôs ao mundo mais de 120 corpos enfileirados pelos próprios moradores no Complexo da Penha — resultado trágico e cruel de uma política que decide quem pode viver e quem deve morrer.


Esse caso terrível não é um fato isolado, mas parte de uma política sistemática de extermínio que transforma comunidades e favelas em territórios de guerra. Enquanto escolas, praças e espaços de cultura são abandonados, o Estado se faz presente apenas com armas, violência e repressão.


Entre 2007 e 2024, mais de 22 mil operações policiais foram realizadas na Região Metropolitana do Rio, e apenas 1,4% tiveram resultados concretos. De 2007 a 2022, 2.500 pessoas foram mortas em 629 chacinas — números que evidenciam uma política de morte dirigida sobretudo à população negra e periférica.


A segurança pública que mata não é segurança, é barbárie. É urgente substituí-la por políticas de prevenção, investigação qualificada e diálogo com as comunidades. Um Estado verdadeiramente comprometido com a vida deve ocupar os territórios com políticas públicas e a garantia de direitos fundamentais — educação, cultura, esporte, lazer e saúde. Quando o Estado chega com oportunidades e dignidade, ele desarticula o crime e constrói paz duradoura.


Além de cruel, essa necropolítica é irracional e dispendiosa. Bilhões de reais são consumidos em operações que produzem morte e destruição sem resultados efetivos. Matar não é um resultado alcançado, mas sim, é a expressão máxima do absurdo atual que vivemos. Dinheiro público que deveria garantir educação, saneamento, moradia e saúde é usado para sustentar uma engrenagem de violência. Recursos que poderiam promover uma vida digna, segura e pautada no bem viver são utilizados como instrumentos de morte — o retrato mais perverso de um Estado que escolheu exterminar em vez de cuidar.


• Quem mandou executar e quem executou esta operação deve ser responsabilizado imediatamente. Não há democracia possível enquanto o Estado autoriza e naturaliza o assassinato de seus próprios cidadãos.

• É igualmente urgente que as mídias e a imprensa tenham como centro as vozes e experiências das comunidades, e não o discurso oficial e falacioso das instituições que promoveram essa crueldade.

• É imprescindível que a sociedade civil, as igrejas, universidades, movimentos sociais e organizações de direitos humanos se mobilizem e exerçam pressão popular até que o Governo do Estado do Rio de Janeiro e o Governo Federal apresentem uma saída inteligente, humana e estrutural, baseada em uma política de segurança pública efetiva, contemporânea e garantidora de direitos.


Nós, franciscanas e franciscanos, inspirados pela nossa espiritualidade do cuidado e da fraternidade universal, nos solidarizamos com as famílias das vítimas e reafirmamos nosso compromisso com a defesa incondicional da vida e com a construção de uma paz justa e duradoura. O que aconteceu é crime, planejado e executado pelo Estado contra o povo. O silêncio ou o aceite público disso é cumplicidade doentia e fratricida.


Exigimos justiça, responsabilização e reparação para as famílias e comunidades atingidas diretamente por esta Política de Morte executada com características de crueldade até o momento pelo Estado do Rio de Janeiro.


CONFERÊNCIA DA FAMILIA FRANCISCANA DO BRASIL (CFFB)SERVIÇO INTERFRANCISCANO DE JUSTIÇA, PAZ E ECOLOGIA (SINFRAJUPE)


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fonte: cffb.org.br

 
 
 

3 comentários


marcelo k
marcelo k
03 de nov.

mais um comentario: os que foram mortos, estavam (todos eles), rezando em um igreja?? Estavam pregando o evangelho??? Estavam desarmados??? Estavam recebendo os policiais com flores???? Estavam prestando serviços sociais a comunidade???? Ora, que hipocrisia (de quem escreveu esta nota de repudio)!!!! Cade a nota de repudio por todas as pessoas refens das facções nas comunidades?? Cade a nota de repudio pelas pessoas que morreram por balas perdidas das facções que lutam por territórios?????

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marcelo k
marcelo k
03 de nov.

cade a nota de repudio de sua comunidade contra as facções que foram responsáveis por este fato????? ""Mulher morre baleada na cabeça em tiroteio na Linha Amarela, no RJ..."" alguém dos franciscanos vai subir o morro para repreender (ou prender) estes traficantes ou será a policia que deverá ir lá e prender os responsáveis (assassinos)????? O que ocorre no Rio de Janeiro e em outras partes do Brasil não é mais a desigualdade social, mas sim a busca pelo poder... A desigualdade vai ocorrer sempre que a BUSCA pelo PODER se sobressair a autoridade vigente. Veja um exemplo: A India tem mais pobres que o Brasil todo e tem muito menos crimes do que aqui... ou seja, a pobreza nã…

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marcelo k
marcelo k
03 de nov.

e quem vai subir no morro, para cumprir mandado de prisão e não ser recebido por tiros? E quando será feita uma nota de repudio pelas mortes por balas "perdidas"??? E quando será feito uma nota de repudio ao comando vermelho, dizendo que as situações se resolvem sem fuzil em mãos????

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