top of page

Carta dos Ministros Gerais da Família Franciscana em memória do Papa Francisco

  • freifranklinofm
  • 25 de abr.
  • 5 min de leitura

Conferência da Família Franciscana - Roma, 22 de abril de 2025


À atenção de todos Irmãos e Irmãs da Família Franciscana


CARTA DOS MINISTROS GERAIS DA FAMÍLIA FRANCISCANA


Em memória do Santo Padre Papa Francisco


Queridos irmãos e irmãs,

Paz e bem a todos os irmãos e irmãs da Família Franciscana.


Com os corações repletos de gratidão, mas também de profunda dor, nós, Ministros Gerais da Família Franciscana, desejamos compartilhar com vocês o nosso adeus ao “Senhor Papa” Francisco, que retornou à Casa do Pai.


No momento em que o nosso amado Papa Francisco nos deixou, sentimos a urgência de refletir sobre o profundo significado que sua presença teve para nós, filhos e filhas de São Francisco de Assis. Não foi por acaso que Jorge Mario Bergoglio escolheu o nome do Pobrezinho de Assis para seu pontificado: essa escolha já revelava, desde o início, um programa de vida e missão que ele seguiu com coerência até o fim de seus dias.


Um Papa que deu corpo ao carisma franciscano


O Papa Francisco viveu de modo significativo o espírito do nosso Seráfico Pai. Como não recordar suas palavras pronunciadas durante a visita a Assis, em 4 de outubro de 2013: “Desde este lugar de paz, onde nasceu e viveu São Francisco, repito com a forçae a mansidão do amor: respeitemos a criação, não sejamos instrumentos de destruição! Respeitemos cada ser humano: cessem os conflitos armados que ensanguentam a terra, calem-se as armas e, onde houver ódio, que ceda lugar ao amor; onde houver ofensa, ao perdão; e, onde houver discórdia, se ceda lugar à união”.


Cristo no centro, o amor pela Igreja, o primado da oração, o estilo de simplicidade evangélica, a proximidade aos pobres e aos últimos, o cuidado pela nossa Casa Comum, o compromisso com a reconciliação, a paz e o diálogo: esses foram os pilares do carisma franciscano que guiaram seu ministério petrino.


A fraternidade universal


Recordamos com particular comoção quando, em sua mensagem à Família Franciscana de 8 de maio de 2021, por ocasião do centenário da revista “San Franceso Patrono d’Italia”, nos exortava: “continuem a caminhar adiante inspirados pela figura do Pobrezinho de Assis, que soube viver a essencialidade conjugando-a com a misericórdia para com todos, especialmente os mais pobres e abandonados. Esforcemse em traduzir no concreto da vida cotidiana os valores franciscanos, continuando a ser atentos aos sinais dos tempos”.


Sua Encíclia Fratelli tutti, inspirada no nosso Seráfico Pai, permanecerá como um dos chamados mais eloquentes à fraternidade universal no nosso tempo, um convite a reconhecermo-nos todos irmãos e irmãs em um mundo dilacerado por divisões e conflitos.


O Papa Francisco reforçou este anúncio com a força de sua voz, que se levantou para recordar ao mundo a responsabilidade diante do rosto e da vida do outro, sobretudo dos migrantes e refugiados, vítimas de violências e guerras, sem-teto, prisioneiros, um dos tantos “invisíveis” em nossas cidades.


Com seus gestos e suas palavras, apresentou-se como um verdadeiro irmão, convidando a todos a não descuidarem das crianças, dos anciãos e daqueles que vivem à margem, numa sociedade que muitas vezes persegue apenas o lucro. Ele também trouxe à luz com vigor o valor das mulheres, contribuindo a construir uma fraternidade ampla e concreta, rica dos rostos de cada um de nós.


O chamado para caminhar juntos na comunidade cristã deu à Igreja um rosto fraterno e, ao encontro com outras culturas e religiões, o sopro da esperança.


O cuidado com a Criação


Como esquecer o impulso que o Papa Francisco deu ao cuidado da nossa Casa Comum com a Encíclica Laudato Si, profundamente enraizada na espiritualidade franciscana? É belo recordá-lo enquanto celebramos os 800 anos do Cântico das Criaturas.


Em 4 de novembro de 2020, dirigindo-se a uma das nossas famílias, disse: “São Francisco nos convida a contemplar a Criação com olhos de estupor e gratidão, não com um comportamento voraz de quem tudo consome e nada respeita. Que o Pobrezinho lhes ensine a entrar em empatia com todos, a colocar sua criatividade ao serviço dos últimos e também a viver uma sã tensão em direção à verdade e à justiça, junto com a serenidade interior”. Uma realidade em que tudo está interligado e em que Deus está no centro das criaturas e dos seres é muito mais do que qualquer ecologismo e está ainda à espera de ser bem explorada e traduzida em opções de vida concretas para os indivíduos e para as sociedades.


A Igreja dos pobres e para os pobres


Desde o início do seu pontificado, o Papa Francisco sonhou “uma Igreja pobre para os pobres”, seguindo os passos de São Francisco, que desposou a Senhora Pobreza. Em um de seus últimos encontros com os franciscanos, em 17 de junho de 2023, por ocasião do oitavo centenário da Regra de São Francisco, nos disse: “A pobreza não é uma teoria sociológica ou uma moda, mas é seguir Jesus no caminho da humildade e do despojamento. A pobreza é um amor concreto que se faz serviço e dom. Exorto-vos, queridos irmãos e irmãs, a serem sempre testemunhas alegres dessa pobreza evangélica que São Francisco viveu, despojando-se de tudo para seguir o Senhor”. Nos parece que essa mensagem foi se fortalecendo ao longo dos anos de seu ministério petrino e sempre nos reconduziu ao essencial. Reconhecemos tudo isso também como um fruto maduro da recepção do Concílio Vaticano II, do qual o Papa Francisco não apenas se inspirou, mas do qual bebeu de forma madura e ao qual deu voz e corpo.


Um convite a prosseguir no caminho franciscano


Enquanto choramos o seu falecimento, acolhemos a herança espiritual que ele nos deixou como um tesouro precioso que devemos cuidar e fazer frutiticar. A melhor forma de honrar a memória do Papa Francisco é continuar a viver com renovado empenho o carisma do nosso Santo Pai Francisco, anunciando o Evangelho com a vida antes que com as palavras, buscando ser instrumentos de paz em um mundo dividido e vivendo a fraternidade universal com todas as criaturas.


Assim ele nos ensinou e nos pediu: “E tudo isto, queridos irmãos e irmãs, vocês são chamados a viver em fraternidade, sentindo-se parte da grande família franciscana. Nesse sentido, lhes recordo o desejo de Francisco que toda a família se mantenha unida,no respeito certamente da diversidade e da autonomia dos vários componentes e também de cada membro. Mas sempre em uma comunhão vital e recíproca, para sonharmos juntos um mundo no qual todos sejam e se sintam irmãos, e trabalhando juntos para construí-lo (cfr. Enc. Fratelli tutti, 8): homens e mulheres que lutam pela justiça, que trabalham por uma ecologia integral, colaborando com projetos missionários e tornando-se artesãos da paz e testemunhas das Bem-Aventuranças”.


Convidamos toda a Família Franciscana a elevar orações de sufrágio pela alma bendita do Papa Francisco, para que o Senhor o acolha em seu Reino de luz e paz, onde poderá finalmente contemplar o rosto Daquele a quem serviu com tanto amor sobre a terra.


“Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã Morte corporal, Da qual nenhum homem vivente pode escapar”.


Com afeto fraterno, na comunhão que nos une a todos em Cristo,


Os vossos Ministros Gerais e Presidente


Frei Massimo Fusarelli OFM

Frei Carlos Alberto Trovarelli OFMConv

Frei Roberto Genuin OFMCap

Frei Amando Trujillo Cano TOR

Tibor Kauser OFS

Francés Marie Duncan OSF














Comments


bottom of page